Essa semana apresentamos como aluno destaque alguém que nos enche de orgulho com sua garra e dedicação, Catarine Fonseca.
Leia abaixo a historia contada por ela mesma.
"Atividade física nunca foi exatamente um prazer para mim, pois não me lembro de ter parado de fazer alguma atividade física, em decorrência da minha deficiência física (hemiplegia espástica à direita). Atividade física sempre me foi imposta, como uma obrigação de escovar os dentes ou de pentear o cabelo. A primeira atividade que me lembro que pude escolher na vida, foi fazer balé, desde que eu não fizesse ponta e não reclamasse da fisioterapia de cada dia. Depois veio a natação, o pilates, uma tentativa frustrada de musculação e aqueles treinos funcionais na praia, onde eu me adaptei melhor, mas nada que uma semana de chuva não acabasse com toda a minha empolgação.
Foi no caminho para o circuito de praia, onde eu passava todos os dias na Rua Bambina, que eu tive a curiosidade de saber o que era CrossFit, já que eu ouvia os barulhos das anilhas batendo no chão, lá da rua e ficava alguns segundos na porta vendo...
Pesquisei durante alguns dias e em uma consulta com meu ortopedista indaguei-o sobre essa possibilidade. Ele disse que era mesmo bom eu fazer um exercício de alto impacto para melhorar a densidade óssea, cardiovascular e várias outras coisas.
Assim, em meados de abril de 2015, resolvi fazer uma aula experimental de CrossFit no Corcovado, já que todos os dias eu passava na porta e todos os dias eu ficava ali "namorando" as aulas. Meu primeiro Coach foi o Mauro, me lembro até hoje, ele me dizendo: "O CrossFit é para todos!". E eu pensando: “Será mesmo? Coitado desse Coach, não sabe o tamanho da minha deficiência.... e o tamanho do trabalho!”
Mas mesmo pensando que não seria muito certo, deixei as coisas correrem, primeiro as aulas de Fundamentos, depois na aula de meio-dia. E assim fui meio que ficando, todos os exercícios adaptados, as cargas sempre medianas, às vezes era o Vitor, às vezes o Mauro, um dia mais difícil outro mais fácil... e fui gostando de praticar o esporte, fui voltando todos os dias para cada desafio e fui entendendo que o CrossFit é brigar consigo mesma. É conseguir, inacreditavelmente, fazer a mente e o corpo andarem juntos. Estratégia. Serenidade. Ver além do treino do dia. É brigar com o relógio, é repetir à exaustão e mesmo na exaustão continuar brigando, por que sempre cabe mais uma repetição, mais uma gota de suor, pela eficiência, pela eficácia, pelo resultado, pela superação individual, mas paradoxalmente tão coletiva! Por isso CrossFit é família, você nunca está competindo com o coleguinha do lado que tem mais tempo ou mais aptidão para os exercícios. Você está competindo só com os seus limites, para estabelecer outros parâmetros, pouco importando os parâmetros alheios. Acaba que a sua superação é a superação do coletivo que também está ali com você, pelo mesmo desafio.
Mas devo ressaltar outra coisa importante aqui: os coaches! Acho que por mais viciante que possa ser o CrossFit, muito se deve aos coaches. A atenção e dedicação de cada um deles, ao estímulo e o desafio posto por eles.
Só tem uma coisa que detesto fazer no CrossFit: correr! Quando tem corrida tenho vontade de correr para casa. Na verdade, não tenho um movimento predileto, porque depende da época... Quando entrei eu adorava Clean, hoje em dia tenho adorado fazer Fundamentos de Ginástica. Às vezes acho que o Wener (os. Coach de Ginástica) é mais louco do que eu, por deixar eu fazer tudo que tenho feito recentemente nas argolas, mas tem sido uma superação muito gratificante."
Parabéns Catarine, pela incrível historia e por toda a superação que nos contagia.
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